Em Entrevista do Meio-Dia da APTS, realizada nesta quarta-feira, 25 de junho, o deputado estadual Major Olimpio expôs um retrato alarmante da segurança pública em São Paulo. No novo formato de evento da APTS, o deputado respondeu às perguntas do jornalista Carlos Alberto Pacheco e da plateia, denunciando a falta de gestão na segurança do estado.
Segundo ele, a realidade é “catastrófica”, já que os números oficiais transmitidos à população são irreais. A começar pela falta de elucidação dos crimes de autoria desconhecida, que atingem somente 2% dos casos. “O governo divulga que esclareceu 50% dos homicídios, mas sabemos que nestes casos, de acordo com o perfil e as circunstancias, não há dificuldade porque, geralmente, vitima e autor são próximos ou se conhecem”, disse o parlamentar.
De acordo com o Major Olimpio, a violência no estado pode ser maior do que o divulgado, considerando a imensa subnotificação, que é a diferença entre o número de registros e o que de fato acontece. Ele informou que em São Paulo, de cada quatro roubos apenas um é notificado. Dos casos registrados, apenas 9% se transformam e inquérito, reduzindo as chances de punição aos criminosos. “Isso traz a sensação ao marginal de que o crime compensa”, disse.
A falta de estrutura da polícia no estado também é outro problema grave. Segundo o deputado, a delegacia especializada de roubos a bancos do Deic conta apenas com um delegado e quatro agentes para cuidar de todos os casos de roubo a banco, ataque a transporte de valores, postos bancários e explosões de caixas eletrônicos em todo o estado.
Ele apurou que em 1991, a Polícia Civil de São Paulo contava com um efetivo de 41 mil homens para população de 32 milhões de habitantes. Em 2013, para uma população e 43 milhões, segundo dados do IBGE, o estado conta apenas com 33 mil policiais civis. “A população aumentou 26% e a policia diminuiu 8 mil homens”, disse.
Para o deputado Major Olimpio, a estrutura da polícia em São Paulo está aquém da demanda. Ele contestou a informação do governador do estado de que a Polícia Militar de São Paulo tem 94 mil homens. “Apurei os dados de pagamento junto ao Tribunal de Contas e descobri que em 2013 foram realizados 87,5 mil pagos a policiais ativos”, disse.
Outro dado relevante fornecido pelo parlamentar é o destino dos recursos aprovados pelo orçamento do estado para investimentos em segurança pública. Dos R$ 3 bilhões aprovados, apenas R$ 400 milhões foram investidos em 2013. “Como vamos dizer que o gestor é eficiente? Realizamos mal”, concluiu.
Texto: Márcia Alves